terça-feira, 21 de julho de 2015

102º Tour de France - Destaques, reflexões e considerações da segunda semana



Terminou a segunda semana e sinto que não poderia deixar passar mais um dia sem vos dar notícias.

Nesta volta optei por um formato diferente de transmissão de informação, pois o Tour é uma competição que a grande maioria de vós consegue acompanhar com alguma facilidade, de modo que, acho completamente desnecessário relatos diários do que se vai passando.

Outro acontecimento que me tem desmotivado de vir até aqui com mais frequência é a U.S. Postal... Ups! A Sky.

Como já vos tinha aqui dito eu cresci a assistir ao Tour e, consequentemente pelo que a minha idade me permite, a vibrar com as vitórias de Lance Armstrong, de forma que foi uma grande desilusão saber de todos os "podres" por detrás das vitórias emocionantes.

Acompanhar agora Froome, Porte e Thomas a fazerem o que fizeram esta semana fez-me relembrar os tempos da U.S. Postal e duvidar de tudo o que o ciclismo tem de bom.



A semana começou com uma Sky surpreendentemente descansada. Com a chegada a La Pierre-Saint-Martin já se sabia que a CG iria sofrer alterações e ganhar alguns contornos, mas longe de se pensar que Froome e a Sky esmagariam a concorrência. No começo da última subida da 10ª etapa vimos muitos dos candidatos à geral a passar por dificuldades e a ficarem para trás, entre eles, Bardet, Pinot, Rui Costa, Daniel Martin, Talansky, etc.

A Movistar parecia a equipa mais forte do dia, com Valverde a desferir alguns ataques durante a subida, para o que parecia ser um belo início de semana para Quintana.

Nibali, Rodríguez e Uran acabariam por ficar para trás fruto do bom trabalho de Valverde.

Com Gesink e Valls fugidos o próximo ataque seria de Porte, com Froome e Quintana os únicos a conseguirem seguir, estavam então para trás Contador e Van Garderen.

Froome não pouparia esforços e menos de 1 km. depois, atacava para a vitória, a 6.4km da meta.

Surpreendente ver Quintana a perseguir, impotente, e Porte a alcançá-lo a poucos metros da meta para terminar ainda 5'' à sua frente de forma aparentemente relaxada! Excelente capacidade de recuperação do australiano, após um Giro que o poderia ter destroçado mentalmente.

Fantástica foi a subida de Gesink a chegar em 4º e a mostrar que os problemas de coração estão mais que ultrapassados e é um sério candidato ao top-10. Barguil que havia caído de forma feia na zona de alimentação recuperou-se de tudo isso e subiu para um brilhante 15º posto!

Mas nada disto é mais surpreendente que Geraint Thomas, que chegou a 2'01'' com Valverde, e só não fez melhor porque as instruções da equipa não permitiram. O especialista em clássicas está a mostrar uma excelente evolução, ao estilo Dragon Ball, e quem sabe não será um dos próximos líderes da Sky em provas de 3 semanas!

Como se não bastasse a performance surreal da 10ª etapa, Thomas teve mais para dar na 12ª etapa, após Porte responder de forma aparentemente tranquila aos ataques de Nibali e Contador, eis que surge o ataque de Quintana. Quintana ataca, Porte pergunta pelo rádio se vai ou fica, dizem para ficar para não dar muito nas vistas e quem traz de volta o colombiano? O excelente trepador que é Thomas! Perante todas estas incidências, e outras mais que as há, mas só sairia daqui amanhã se as fosse relatar todas, ver Thomas hoje na 6ª posição da geral deixa-me sem palavras, como se me atirassem um copo com urina à cara.

(Pausa para respirar e beber uma água)

Quanto ao resto...

A Tinkoff - Saxo, em resultado de todas estas incidências, alterou a estratégia e já se viu Majka a participar e a vencer na fuga da 11ª etapa. Sagan participou nas últimas três fugas, numa clara corrida à camisola verde leva consigo 11 top-5 em etapas só nesta edição do Tour.

Rodríguez voltou a vencer no Tour e deu a segunda vitória à sua equipa. Já Kristoff, que esteve imparável durante a primavera, está a passar por dificuldades em demonstrar o seu poderia. Foi notável na 15ª etapa, após um excelente trabalho da Katusha para o colocar na frente, a sua impotência perante o alemão André Greipel.

Greipel conseguiu já 3 vitórias de etapa neste Tour e é o mais vitorioso até ao momento.

Gap tem vindo a ser uma chegada bem querida dos portugueses nas últimas edições do Tour, onde já lá vimos vencer Sérgio Paulinho e Rui Costa. Desta vez a vitória não foi de um português, mas é como se fosse, pois o vencedor da etapa, Ruben Plaza, conseguiu dar a vitória à Lampre-Merida após um excelente trabalho do seu colega de equipa, Nelson Oliveira. A Lampre não vencia no Tour desde 2010.

Stephen Cummings deu a primeira vitória em grandes voltas à MTN - Qhubeka, após ter participado da fuga na etapa 14. O britânico escolheu o melhor momento para atacar e não deu hipóteses a Pinot e Bardet que seguiam na frente da corrida.

Em Rodez foi Avermaet o mais feliz, após um longo e emocionante sprint lado a lado com Sagan. Avermaet que não vencia numa grande volta desde a sua primeira Vuelta em 2008, voltou a vencer e conseguiu assim a sua primeira vitória de etapa num Tour.

A estrela nacional Rui Costa, infelizmente, viu-se obrigado a abandonar durante esta semana, alegando que não se sente bem fisicamente. Espero desde já que se recupere a 100% e que ainda nos possa dar mais alegrias esta temporada!

Ao fim de duas semanas a Etixx, a BMC e a Lotto - Soudal são as equipas com mais vitórias de etapas, 3 cada uma. Enquanto a Tinkoff é a que leva mais dinheiro arrecadado.

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