quarta-feira, 8 de julho de 2015

102º Tour de France - Do arranque em Utrecht à "calmaria" em Amiens


O Tour começou camuflado, de calmaria e tranquilidade, na primeira etapa, para depois se mostrar um monstro nas 4 etapas seguintes.

Começou com um curto Contra-Relógio, onde o objectivo dos principais candidatos à geral era perder o mínimo de tempo para os adversários e o dos especialistas vestir a amarela. Rohan Dennis foi o mais rápido do dia e relegou os principais favoritos Tony Martin, Cancellara e Dumoulin para o 2º, 3º e 4º lugares, respectivamente. Alguns atletas queixaram-se de uma mudança no vento no decorrer da prova, desfavorecendo os últimos a sair, um factor que poderá ter ajudado Rohan Dennis. Não desmerecendo as suas enormes habilidades, pois conseguiu realizar a média de velocidade mais elevada de sempre num Contra-Relógio Individual do Tour.

Pinot juntamente com Quintana e Bardet estavam entre os candidatos que mais poderiam perder tempo nesta etapa, porém Pinot superou tudo e todos para fazer o melhor tempo da prova entre os favoritos. À semelhança do Tour, Pinot também começou camuflado
e uma maré de azar e de erros já o fazem rever os objectivos iniciais. Quintana superou também o desafio e não concedendo grandes diferenças. Já Bardet foi dos candidatos o que mais perdeu, ficando a 33'' de Quintana e 53'' de Pinot.

O 2º dia aparentava ter um perfil tranquilo para uma chegada em pelotão compacto. A etapa era uma bela paisagem para os espectadores, passando ao longo do mar, porém os ciclistas sabem que mar e vento são velhos aliados e este último não dá tréguas nesta modalidade. Quando a Etixx decidiu aumentar o ritmo da prova que o caos começou a aparecer, com cortes a surgirem afectando alguns dos principais candidatos. Com a chegada de zonas mais técnicas e protegidas do vento o ritmo dos homens da frente abrandou e os afectados, Mollema, Valverde e Rui Costa, voltaram a entrar no grupo. Depressa entraram mais depressa saíram. Uma queda a envolver Kelderman originaria um novo corte no pelotão, que aliada ao vento levaria Nibali, Rui Costa, Pinot, Rodríguez, Quintana, Valverde, entre outros, a perder mais de 1' para os principais adversários.

Cavendish, foi muito bem trazido pela sua equipa até ao final da etapa, mas largado demasiado cedo sozinho na frente, não aguentou assim o sprint até ao final e viu Greipel vencer a etapa e Cancellara bonificar para se tornar o segundo Camisola Amarela da prova.

A etapa do Mur de Huy já trazia consigo a certeza de algumas diferenças de tempo no final, mas acima de tudo, um belo espectáculo na última subida a favorecer os espanhóis Valverde e Rodríguez, mais recentes vencedores da Clássica La Flèche Wallonne. Com 58 km. para o final o pior aconteceu, duas quedas quase consecutivas. De referir que a primeira foi a que causou mais estragos, originada por uma enorme queda de William Bonnet, após um toque na roda de outro atleta, o que levou imensos ciclistas ao chão, lançando o caos na etapa. O número de ciclistas a necessitar de assistência, entre eles o campeão nacional Rui Costa, foi tal que a direcção da corrida se viu obrigada a neutralizar a prova pois não haviam ambulâncias disponíveis para prosseguir com o grupo de corredores que passou intacto.

Em Huy, Froome ditou o ritmo e não permitiu a nenhum outro candidato, à excepção de Joaquim Rodríguez, desse um ar da sua graça evitando ser apanhado desprevenido. Rodríguez vencia a etapa e Froome, na ausência de Dumoulin, que se esperava vestir de amarelo após a etapa, apanhado na queda de grupo e levado a abandonar, vestiu de amarelo ao terminar no mesmo segundo de Rodríguez, por escassos milésimos.

E sinceramente ainda bem que assim foi, porque se não fosse Froome seria Tony Martin, e quem sabe se Martin já vestisse de amarelo na quarta etapa se ele nos proporcionaria o espectáculo que proporcionou no dia seguinte!

A chegada a Huy trouxe algumas diferenças entres os candidatos da geral, mas sem danos significativos, com Contador a ser o mais prejudicado do "quarteto fantástico", ao chegar 18'' depois de Rodríguez que passou a vestir a polka-dot,

Nos paralelos, encenando um Paris-Roubaix, a etapa prometia tudo menos tranquilidade para os atletas. Com a Astana e a Tinkoff a assumirem a dianteira do pelotão, a Astana repetiu a táctica de 2014 lançando Westra na fuga para depois poder apoiar Nibali mais na frente da prova, o italiano não queria apenas passar os paralelos em bom ritmo e foi atacando os seus adversários ao longo do percurso. Froome, menos apoiado que Contador e Nibali, nunca baixou os braços e trabalhou para evitar que a distância entre ele e eles alguma vez se alargasse.

Terminados os  sete sectores de pavé lá estavam Nibali, Contador, Quintana, Valverde, Froome, Rodríguez e Van Garderen, intactos e com o desafio superado de não perderem tempo para ninguém. Degenkolb, Sagan e Avermaet eram os homens mais rápidos à chegada e com mais hipóteses de discutir a etapa, mas o herói do dia não o permitiu, mesmo tendo trocado de bicicleta com um colega de equipa devido a problemas mecânicos, numa fase já adiantada do percurso, o alemão, Tony Martin, atacou a 3.5 km. da chegada para não mais ser apanhado. Venceu a etapa, bonificou e terminou 3'' antes do grupo da frente, dando-lhe assim a tão desejada amarela, que lhe escapava por 1''.

Desde 1992 que o Tour não tinha 4 diferentes camisolas amarelas nos primeiros 4 dias da prova, na altura foram: Indurain, Zulle, Virenque e Lino.

Pinot foi dos mais prejudicados do dia, ao perder mais de 3', devido a problemas mecânicos e alguma instabilidade emocional. Terá que rever os seus objectivos para a prova, pois os 6'30'' para o líder já tornam o seu pódio, quase, uma impossibilidade.


Foto: Bettini


De Arras a Amiens foram quase 190 km. que se esperavam mais ou menos calmos. Mas, mais uma vez, nem tudo o que parece é e o vento apareceu para dar um abanão na corrida.

Algumas quedas foram também marcando a etapa, as duas de Bouhanni e Coquard, entre outras.

O vento apareceu para causar um corte que afectaria vários atletas, entre eles, os mais sonantes, Kelderman, Porte e Hesjedal.

No final ao sprint Kristoff foi o primeiro a partir, seguido de Démare e de Cavendish, que havia sido liderado pelo camisola amarela e pelo camisola arco-íris, mas havia perdido a roda do seu colega de equipa Renshaw. A iniciativa de Kristoff aconteceu demasiado cedo e não aguentou até ao final, surgiriam em grande posição e velocidade mais perto da meta Greipel e Sagan, para realizarem grandes sprints finais e levarem os lugares mais altos do pódio.

Greipel venceu assim a sua segunda etapa e é cada vez mais líder da camisola verde.


O Tour conta já com 10 baixas, a mais recente de Albasini, o que reduz a Orica a 6 atletas, comprometendo assim o seu Contra-Relógio por Equipas.

Rui Costa é o atleta nacional em melhor posição da Geral, em 25º a 4'10'' do líder Tony Martin, após ter já sofrido bastante com a queda de grupo na 3ª etapa, na qual ficou bem maltratado.

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